Celestino V foi corajoso e não temeroso

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Um convincente prontuário sobre Pietro Angelerio del Morrone, o eremita da região dos Abruzos que escolheu viver em extrema pobreza. Uma espécie de manual sobre esse asceta, que se desvinculou de qualquer contato com o mundo exterior, considerado um santo já em vida.

A reportagem é de Franco Manzoni, publicada por Corriere della Sera, 25-08-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.

Pintura de Celestino V, por Niccolò di Tommaso.

Foto: Marie-Lan Nguyen | Wikipédia

Portanto, depois de vinte e sete meses desde o início de um conclave muito difícil, em 5 de julho de 1294 os cardeais o escolheram como o novo Papa, coroado na basílica de Santa Maria di Collemaggio em L’Aquila em 29 de agosto com o nome de Celestino V (acima, retrato de Niccolò de Tommaso no painel principal de um tríptico com as histórias do Papa, século XV, afresco no Maschio Angioino em Nápoles).

Analisando exaustivamente fontes históricas e literárias, como hábil detetive o jornalista Angelo De Nicola (L’Aquila, 1965), que dedicou a maior parte de suas publicações ao eremita Pietro, traça um percurso heterogêneo no livro I Papi e Celestino V, subtítulo La Perdonanza da Bonifacio VIII a Francesco (Os Papas e Celestino V. O Perdão de Bonifácio VIII a Francisco, em tradução livre, edições One Group, pp. 310, € 25). O livro, que se vale do prefácio de Giovanna Chiarilli e de um ensaio de padre Luigi Maria Epicoco, procede como um thriller examinando mistérios, documentos, hipóteses. Uma viagem intrigante através de 24 Papas e um antipapa. Afloram muitos questionamentos.

I papi e Celestino V. La perdonanza da Bonifacio VIII a Francesco

Assim que foi coroado, por que Celestino V emitiu uma bula com a qual concedeu o Perdão, ou seja, a indulgência plenária sem distinção de censo, a todos aqueles que passassem sob a porta sagrada de Collemaggio entre 28 e 29 de agosto de cada ano? O que ou quem o levou a renunciar após apenas quatro meses de pontificado? Seria realmente ele o personagem que Dante no terceiro canto do Inferno descreve entre os desatentos como “a sombra conheci daquele Que a grã renúncia fez ignobilmente”? Foi realmente o sucessor Bonifácio VIII que o mandou matar?

O autor tem certeza de que Celestino V gerou um forte constrangimento. Somente com Paulo VI começou sua reabilitação.

Em 2009, Bento XVI prestou visita os restos sagrados de Celestino V doando seu pálio e ressaltando o ato de coragem em renunciar ao trono papal.

Em 2019, a Unesco reconheceu o Perdão celestino como patrimônio imaterial da humanidade.

A espera agora se volta para 28 de agosto, próximo domingo, quando o Papa Francisco será o primeiro pontífice a abrir a porta sagrada da basílica de Santa Maria di Collemaggio, celebrando o rito do Perdão.

Assim será sancionada, como aponta Angelo De Nicola, a passagem de Celestino V de covarde a humilde herói popular.

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